terça-feira, 14 de novembro de 2017

Keita! L'héritage du griot / Keita! O legado do griot

Autora: Silmara Peixoto Moreira[1]
Professora: Carol Costa Bernardo

Texto apresentado na disciplina DIDÁTICA NOS PAÍSES DA INTEGRAÇÃO, cujo objetivo foi: ser uma análise do filme  Keita! O legado do griot em diálogo com o texto de BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2007, discutido em sala de aula.

O filme do cineasta africano Dani Kouyaté inspira-se na representação do griot, mesclando realidade e ficção, operando numa mediação entre a palavra (oralidade) e a imagem, nos mostrando uma realidade de um lugar de conhecimento africano diferente daquela imagem estereotipada que aparecia nos romances coloniais. O aparecimento do cinema africano foi em 1955  na perspectiva de contestação às imagens difundidas pelo cinema colonial, tendo  por objetivo a busca por uma africanização. Ainda hoje, os/as cineastas africanos/as têm por objetivo produzir obras centradas nas realidades da África pós-colonial, realizando filmes que constituam um meio de apreciação da situação real dos indivíduos.(PARÉ, 2012) [2]
O filme narra a história do griot Djeliba e o menino Mabo da família Keita que passa por conflitos que surgem na família e na escola após os ensinamentos do griot para o menino. Podemos perceber diferentes tipos de educação que se passa no filme: A educação formal, adquirida na escola; a educação informal adquirida com a família; e a educação não formal, adquirida pela religião através da tradição.
 Quando o griot vai até a família Keita cumprir seu dever de inserir o menino Mabo na tradição, através da contação de história da origem do seu nome pelo ensino da oralidade, os seus ensinamentos começam a entrar em conflito com os ensinamentos do professor da escola. A mãe do Mabo começa a se incomodar com os ensinamentos do griot para seu filho, pois isto estaria tirando o foco do garoto da escola, e para ela a escola é que era o local de aprendizado. O pai do garoto se mostra adepto à tradição, pois esta acontecia de geração para geração na sua família e ele não podia interferir nos ensinamentos do griot para o menino Mabo. Com isso, o garoto passa a se dedicar a ouvir as histórias do griot e deixa de lado as lições da escola, o que causa ainda mais raiva a sua mãe e ao professor da escola que vai até o griot questioná-lo. O professor se sente ofendido com os ensinamentos do griot para o garoto porque estes não coincidem com os ensinamentos da escola e pede-o que pare de contar história ao menino e deixe-o ir à escola porque lá é o local ideal para aprender de verdade os saberes que são importantes. Para o griot conhecer a história dos ancestrais é que era importante.
 Dessa maneira, podemos observar que os conflitos surgem na medida em que um saber se sobrepõe a outro. De acordo com Carlos Rodrigues Brandão (2007) em todo lugar se pode aprender com uma ou várias educações e que o sábio seria aquele que reconhece que existem várias concepções de educação e que nem a escola ou professor deve ser o único local e único praticante dessa prática social, pois todas as formas de aprender e todos os locais que se aprende são importantes para a formação do ser humano.
A educação é uma prática social que envolve diversos saberes e atores/as sociais. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder a serviço do colonizador e/ou classe dominante como também pode ser um instrumento de luta para reinventar outras práticas e maneirar de resistir ao sistema. Ela é inevitável e existe de mais modos do que se pensa e a educação não deve ser universal.                                                                                                                            





[1] Graduada em Bacharelado Interdisciplinar em Humanidade pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Atualmente é graduanda de Licenciatura em Sociologia na mesma instituição. Contatos: lanaisilmara@gmail.com // Facebook: https://www.facebook.com/silmara.lanai //  Instagram @lanaisil
[2]  Paré, Joseph. Keita! O legado do griot: a estética da palavra à serviço da imagem.  Disponível em: http://cine-africa.blogspot.com.br/2012/12/keita-lheritage-du-griot-dany-kouyate.html. Acessado em 06 de outubro de 2017.
                                                                                                                                           

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