Autora: Silmara Peixoto Moreira[1]
Professora: Carol Costa Bernardo
Texto apresentado na disciplina DIDÁTICA NOS PAÍSES DA INTEGRAÇÃO, cujo objetivo foi: ser uma análise do filme Keita! O legado do griot em diálogo com o texto de BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2007, discutido em sala de aula.
O
filme do cineasta africano Dani Kouyaté inspira-se na representação do griot, mesclando realidade e ficção, operando numa
mediação entre a palavra (oralidade) e a imagem, nos mostrando uma
realidade de um lugar de conhecimento africano diferente daquela imagem
estereotipada que aparecia nos romances coloniais. O aparecimento do cinema africano foi em 1955 na perspectiva de contestação às imagens
difundidas pelo cinema colonial, tendo
por objetivo a busca por uma africanização. Ainda hoje, os/as cineastas
africanos/as têm por objetivo produzir obras centradas nas realidades da África
pós-colonial, realizando filmes que constituam um meio de apreciação da
situação real dos indivíduos.(PARÉ, 2012) [2]
O
filme narra a história do griot Djeliba
e o menino Mabo da família Keita que passa por conflitos que surgem na família
e na escola após os ensinamentos do griot para o menino. Podemos perceber
diferentes tipos de educação que se passa no filme: A educação formal, adquirida
na escola; a educação informal adquirida com a família; e a educação não formal,
adquirida pela religião através da tradição.
Quando o griot vai
até a família Keita cumprir seu dever de inserir o menino Mabo na tradição,
através da contação de história da origem do seu nome pelo ensino da oralidade,
os seus ensinamentos começam a entrar em conflito com os ensinamentos do
professor da escola. A mãe do Mabo começa a se incomodar com os ensinamentos do
griot para seu filho, pois isto estaria tirando o foco do garoto da escola, e
para ela a escola é que era o local de aprendizado. O pai do garoto se mostra
adepto à tradição, pois esta acontecia de geração para geração na sua família e
ele não podia interferir nos ensinamentos do griot para o menino Mabo. Com
isso, o garoto passa a se dedicar a ouvir as histórias do griot e deixa de lado
as lições da escola, o que causa ainda mais raiva a sua mãe e ao professor da
escola que vai até o griot questioná-lo. O professor se sente ofendido com os
ensinamentos do griot para o garoto porque estes não coincidem com os
ensinamentos da escola e pede-o que pare de contar história ao menino e deixe-o
ir à escola porque lá é o local ideal para aprender de verdade os saberes que
são importantes. Para o griot conhecer a história dos ancestrais é que era
importante.
Dessa maneira,
podemos observar que os conflitos surgem na medida em que um saber se sobrepõe
a outro. De acordo com Carlos Rodrigues Brandão (2007) em todo lugar se pode
aprender com uma ou várias educações e que o sábio seria aquele que reconhece
que existem várias concepções de educação e que nem a escola ou professor deve
ser o único local e único praticante dessa prática social, pois todas as formas
de aprender e todos os locais que se aprende são importantes para a formação do
ser humano.
A educação é uma prática social que envolve diversos
saberes e atores/as sociais. Ela pode existir imposta por um sistema
centralizado de poder a serviço do colonizador e/ou classe dominante como
também pode ser um instrumento de luta para reinventar outras práticas e
maneirar de resistir ao sistema. Ela é inevitável e existe de mais modos do que
se pensa e a educação não deve ser universal.
[1]
Graduada em Bacharelado
Interdisciplinar em Humanidade pela Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Atualmente é graduanda de Licenciatura em
Sociologia na mesma instituição. Contatos: lanaisilmara@gmail.com // Facebook: https://www.facebook.com/silmara.lanai // Instagram @lanaisil
[2]
Paré, Joseph. Keita! O legado do griot:
a estética da palavra à serviço da imagem.
Disponível em: http://cine-africa.blogspot.com.br/2012/12/keita-lheritage-du-griot-dany-kouyate.html.
Acessado em 06 de outubro de 2017.
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